O cheiro de frango frito empanado, as combinações inusitadas de molhos e a vibração jovem das lojas da Sticky’s Finger Joint já não fazem mais parte da paisagem de Nova York.
Em fevereiro de 2025, a rede que conquistou fãs fiéis com sua proposta ousada de “frango com personalidade” anunciou o fechamento definitivo de todas as unidades — um desfecho amargo para uma marca que nasceu com alma nova-iorquina e espírito irreverente.
O Início do Fim
O prenúncio da crise veio ainda em 2024, quando a empresa-mãe, Sticky’s Holdings, entrou com um pedido de recuperação judicial (o chamado Chapter 11, nos EUA), buscando proteger-se das dívidas enquanto tentava reorganizar suas operações.
Na petição, os números já preocupavam: entre US$ 500 mil e US$ 1 milhão em ativos, contra um passivo que podia chegar a US$ 10 milhões.
Mas para além dos números frios, estavam os sinais visíveis para quem frequentava a rede: lojas fechando discretamente, menos funcionários no salão e até falta de produtos no cardápio. Nas redes sociais, os clientes começaram a perguntar o que estava acontecendo. Muitos não sabiam, mas o fim já estava próximo.
A Receita da Crise
O caminho até a falência foi pavimentado por uma combinação amarga de fatores:
Pandemia e trabalho remoto: com menos pessoas nos escritórios de Manhattan, o movimento despencou.
Inflação nos insumos: frango e batatas — base do cardápio — subiram de preço.
Dívidas crescentes: o principal credor da empresa era a gigante U.S. Foods.
Processos judiciais: a marca enfrentou disputas por uso de nome e ações relacionadas a aluguel comercial.
Mesmo com tentativas de reestruturação e o apoio de um fundo de investimento (Harker Palmer Investors LLC, que injetaria US$ 2 milhões), a operação não se sustentou.
Pessoas Ficaram no Meio do Caminho
Em fevereiro, os funcionários foram surpreendidos com o aviso: em apenas dois dias, todas as lojas seriam fechadas. “Foi como receber um tapa na cara”, contou um ex-funcionário no Reddit. “Ninguém esperava que tudo fosse acabar tão abruptamente.”
A notícia pegou também os fãs de surpresa. Para muitos nova-iorquinos, Sticky’s era mais do que uma opção de fast-food — era um lugar descolado para um almoço rápido, um lanche entre amigos, uma escapada do dia a dia. Nas redes sociais, os posts misturavam tristeza, indignação e nostalgia: “Minha Sticky’s do coração fechou 😢”, escreveu uma cliente no Instagram.
Um Capítulo Encerrado
Criada em 2012 por Jon Sherman e Paul Abrahamian, a Sticky’s nasceu com a ideia de reinventar o conceito de frango empanado, trazendo um cardápio criativo com molhos artesanais, ingredientes de qualidade e um ambiente divertido.
Em poucos anos, a marca se espalhou por Manhattan e outras regiões, chamando atenção pela identidade visual vibrante e pelo marketing ousado.
Mas, como muitas outras empresas do setor de alimentação, não resistiu às mudanças do cenário econômico, às pressões do mercado e aos impactos duradouros da pandemia. Em tempos de delivery e margens apertadas, o “frango com atitude” ficou sem fôlego.
Uma Lição Para o Mercado
A queda da Sticky’s Finger Joint não é apenas o fim de uma marca querida — é também um alerta sobre a vulnerabilidade de negócios criativos diante de contextos imprevisíveis.
Para quem empreende na gastronomia, fica a lição de que inovação e branding são essenciais, mas precisam caminhar junto com gestão financeira sólida e adaptação rápida às mudanças do comportamento do consumidor.
E você? Já provou o frango da Sticky’s? Vai sentir falta?
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Sou Jô Gourmand, uma apaixonada pela culinária e ex gestora de escolas de confeitaria e gastronomia. No blog EAD gourmet, busco compartilhar, de forma gratuita, o mundo da educação gastronômica online, proporcionando uma plataforma onde os leitores podem aprender, explorar e se inspirar na arte da cozinha.